Propeg cria laboratório de novas mídias em parceria com a UFBA

Em um movimento incomum para os padrões do mercado da propaganda no Brasil, a Propeg fez uma parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) para criar o que batizou de Observatório de Publicidade em Tecnologias Digitais. Instalado na instituição, o novo laboratório tem como objetivo desvendar o que há de mais inovador na comunicação publicitária no ambiente da web.

O idealizador do projeto é Alexandre Augusto, vice-presidente da agência baiana. Segundo ele, a idéia surgiu após assistir à palestra Inovação e Ruptura, apresentada por Clayton Christensen, professor da Harvard Business School e conhecido em todo o mundo por seu trabalho na área de inovação. Ele é autor de um artigo - "Uma hora a casa cai" - publicado pelo Meio & Mensagem em fevereiro deste ano.

"A internet está crescendo, mas ainda é incipiente quando comparada às grandes mídias. E a forma de preparar a agência para o futuro é formando um laboratório de novas mídias", afirma Augusto.

Para a realização do projeto, a Propeg investirá cerca de R$ 60 mil ao ano, mais a colaboração dos órgãos de pesquisa CNPq e Capes, com R$ 40 mil em equipamentos, e R$ 5 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fabesp). "É um investimento muito pequeno em relação à importância dos seus resultados", comenta.

Iniciados há três meses, os trabalhos são realizados por oito pesquisadores bolsistas (graduados em jornalismo e produção cultural) e um coordenador adjunto, que passaram por um rigoroso processo de seleção para participar do projeto. A iniciativa conta ainda com a participação de Wilson Gomes, professor titular da UFBA, com doutorado em filosofia pela Pontifícia San Tommaso D?Aquino (de Roma) e pós-doutorado pela USP.

Segundo Augusto, há uma interação diária entre os pesquisadores e os profissionais da área de planejamento da agência, e a cada dois meses, em média, há uma apresentação de um trabalho sobre as tendências no segmento dentro da empresa. Até o momento, a agência já recebeu relatórios sobre mobile marketing, campanhas colaborativas, marketing de buscas e publicidade em redes sociais.

Os próximos a serem entregues são TV digital, publicidade em sites de notícias, publicidade em sites de compartilhamento de mídias e publicidade em games e advergames. Os conteúdos poderão ser divulgados em sites ou revistas.

Pioneirismo
Muito difundida nos Estados Unidos e países europeus, essa proposta de laboratório da Propeg, em conjunto com a UFBA, é considerada pela agência a primeira experiência focada em comunicação publicitária a surgir no Brasil. De acordo com Augusto, a intenção é estar bem à frente do que ocorre atualmente no mercado nacional. "Muitas empresas divulgam seus núcleos focados em web, mas quando se analisa é apenas uma dupla fazendo hot sites e banners. Poderíamos muito bem lançar uma Propeg Web ou uma Propeg 2.0, mas nosso projeto é bem mais sério que isso", define.

A Estratégia do Google e a compra do YouTube


A edição da revista Exame do dia 30 de outubro traz uma reportagem intitulada "A verdadeira Tv Digital" em que fala da proliferação dos serviços de vídeos online e de como o conteúdo da Tv tem migrado para web através deles. A matéria traz alguns dados interessantes, mas, na minha visão, tem uma entonação levemente "corporativista" ao defender o modelo dos serviços de vídeo mantidos pelas grandes corporações midiáticas, e afirmar que o YouTube tem agora o desafio de enfrentar esses serviços e se mostrar viável. Discordei desse ponto de vista numa conversa aqui no Observatório  e afirmei que eram os novos serviços que tinham de se afirmar, já que são vistos mais de 100 milhões de vídeos diariamente no Youtube, que hospeda milhões de vídeos e gera mais de US$ 200 milhões de receita. E foi nesse ponto que a minha afirmação foi desafiada: o Youtube gera um prejuízo ao Google, o seu proprietário, da ordem de US$ 100 milhões ao ano. Mas, aqui cabe uma reflexão.

Podia argumentar que os serviços de vídeos da Globo e da CNBC também não geram receitas magníficas aos seus proprietários, mas queria chamar atenção para outro aspecto. O YouTube foi uma aquisição estratégica do Google, e deve ser entendido dessa maneira.

O Google aceitou pagar US$1,6 bilhões de doláres por um site de compartilhamento vídeos, porque esse lhe oferecia pelo menos quatro grandes atrativos: uma audiência grande e crescente; um serviço que tende a ser usado
 frequentemente pelos usuários; a possibilidade de capturar dados importantes sobre uma enorme audiência; e um grande potencial de gerar receitas publicitárias.

Ou seja, o YouTube vai ao encontro do objetivo do Google de tornar a internet cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, contribui para que a empresa cumpra a sua missão de organizar toda a informação mundial, é visto por milhões de pessoas que ao assistir os vídeos deixam informações sobre seus gostos, desejos etc. Essas informações podem ser usadas para otimizar os resultados do negócio principal do Google: exibir anúncios contextuais segmentados ao nível do indivíduo. 

Além disso, o YouTube torna a marca "Google" ainda mais presente no dia a dia do internauta, o que fortalece o brand da companhia. Não à toa, o Google foi eleito a marca mais admirada na Inglaterra e uma das mais valiosa dos EUA. Por fim, a sua enorme audiência, a sua boa imagem (no sentido corporativo) e seu uso contínuo, tornam o YouTube um serviço com grande potencial de gerar receitas publicitárias. Por que não gera, então? Ora, porque ainda não se chegou num modelo publicitário que atenda às expectativas e necessidades dos internautas, anunciantes e do proprietário do YouTube. Até chegar a esse modelo, o Google tem fôlego de sobra para manter o YouTube funcionando bem e gratuitamente. Enquanto isso, o serviço de vídeos vai contribuindo de diversas maneiras, além da financeira, para que o Google continue gerando receitas e lucros recordes.

Enfim, se tivermos um olhar tacanho e relacionarmos o quanto o YouTube custa e o quanto gera de receita hoje, então trata-se de uma mal negócio. Mas, se o olhar for estratégico e se correlacionarmos o custo do YouTube e o quanto ele gera de valor ao Google e o seu potencial de gerar ganhos no longo prazo, então é um excelente negócio.

A publicidade na Busca Móvel

Após 14 anos da abertura da Internet para fins comerciais, a rede passou a ser usada por milhões de pessoas e várias companhias aproveitaram essa audiência para estabelecer seus modelos de negócios baseados em publicidade. Dentre todas elas o maior destaque é o Google, empresa americana que deve faturar algo como US$ 20 bilhões em 2008. O grande ovo de colombo do Google foi descobrir que podia exibir anúncios contextuais de baixo custo e em momentos de alta relevância para os usuários.

Agora a fronteira da publicidade digital é os dispositivos móveis. Isso significa que é nos dispositivos móveis que a publicidade deve crescer mais rapidamente nos próximos anos , e onde ainda não há um formato consolidade de publicidade. Porém, o modelo de links patrocinados contextuais já tem sido usado nos dispositivos móveis , lógico que ainda como teste, ainda não se sabe se a fórmula dos links patrocinados funcionará na mobilidade.

Mas, vamos abordar uma problemática da busca móvel. O fato de buscar através de um celular abre espaço para um novo tipo de cobrança, o PPC (Pay per Call ou Pague por Chamada). Desta maneira, o usuário ao fazer uma busca através de um dispositivo móvel, é impactado por um anúncio publicitário e, ao clicar nele, ao invés de ser encaminhado ao site do anunciante, entra em contato telefônico com a empresa do anúncio. Isso é interessante para o usuário, pois pode solicitar o que deseja diretamente a um atendente, e não precisa perder tempo tentando se encontrar nas páginas de um site; e é bom para o anunciante que não sabe direito como montar estratégicamente sites e que pode mensurar com a ainda mais acurácia os resultados de uma campanha. Mas, cabe aqui uma pergunta singela: quem paga o custo da ligação?

Convenhamos que o custo de uma ligação de celular é alto. Desta forma, é justo que o usuário, que deseja adiquirir um produto anunciado, arque sozinho com os custo da ligação? Mas, e se o anunciante decidir pagar tudo, inclusive a ligação, ele não ficaria exposto a trotes além de aumentar os custos de uma campanha ao ponto de torná-la inviável? Qual é a melhor alternativa, então? E se incluirmos aí a problemática da publicidade baseada na localização. É correto que os anunciantes tenham acesso a localização de um cidadão comum?

Não vou propor respostas a essas perguntas, mas esses casos servem para ilustrar que ainda não se chegou a um formato consolidado da publicidade móvel, nem para a busca móvel. O que demonstra que quem acreditar que a publicidade através de dispositivos móveis será algo rentável no futuro tem de entrar agora com a mentalidade de um "experimentador" e não de um "operador", ou seja, tem que participar das discussões de como se dará a publicidade nesses meios, e não esperar encontrar uma forma pronta de se fazer a publicidade móvel.